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Oracao de meditacao sobre Maria - Sao Pio de Pietrelcina

Oração de meditação
sobre Maria
Imaculada
Índice
Capa
Pá gina de direitos autorais
CONTEUDO
PREFACIO
BEM-AVENTURADO SEJA CRISTO O REI
PADRE PIO DI PIETRELCINA
Oração de meditação
sobre Maria
Imaculada
Padre Pio
Imprimatur: Joannes Gregorius Murray,
Archiepiscopus Sancti Pauli
Copyright © 1974 por TAN Books.
Originalmente publicado por Fathers Rumble and Carty, Radio Replies Press, Inc., St. Paul, Minn.,
EUA
Completo e integral.
Padre Pio comemorou o 50º aniversá rio de seus estigmas em 20 de setembro de 1968. Trê s dias
depois, em 23 de setembro de 1968, ele faleceu. Padre Pio foi canonizado em 16 de junho de 2002.
As fotogra ias usadas neste livreto foram inseridas com a permissã o do detentor dos direitos
autorais, Federico Abresch de San Giovanni Rotondo, Foggia, Itá lia.
Livros TAN
Charlotte, Carolina do Norte
www.TANBooks.com
2012
CONTEÚDO
PREFACIO
BEM-AVENTURADO SEJA CRISTO O REI
PADRE PIO DI PIETRELCINA
PREFACIO
A aproximaçã o do Ano Mariano em que se celebrará o primeiro
centená rio da proclamaçã o do Dogma da Imaculada Conceiçã o da BemAventurada Virgem, verdade querida ao coraçã o de cada franciscano,
persuadiu-me a divulgar à imprensa este “ Meditaçã o sobre Maria
Imaculada ”escrita há muitos anos pelo meu conterrâ neo e irmã o
religioso, Padre Pio da Pietrelcina“ Capuchinho ”.
O Santo Padre exprimiu os seguintes votos para o Ano Mariano:
Que a humanidade volte a Cristo por meio de uma conformidade mais
diligente e e icaz ao ensino dos Evangelhos, e que isso aconteça com a
maior rapidez possı́vel, por intercessã o de nossa Mã e Celestial. Nisto as
nossas oraçõ es unem-se à s do Vigá rio de Cristo.
Que as bê nçã os mais escolhidas descam em abundâ ncia sobre
todos os ié is, por meio da Virgem Imaculada.
Mosteiro de San Pasquale, Benevento, Itá lia, na festa da
Apresentaçã o da Santı́ssima Virgem no Templo, 1953.
P ADRE E ZECHIA C ARDONE , OFM
BEM-AVENTURADO SEJA CRISTO O REI
H EDITATION NO eu MMACULATE C ONCEPTION
Por Padre Pio, OFMCap.
Amor Eterno, Espı́rito de Luz e Verdade, abre caminho em minha
pobre mente e permite-me penetrar tanto quanto possı́vel a uma
criatura miserá vel como eu, naquele abismo de graça, de pureza e de
santidade, para que eu possa adquirir um amor de Deus que se renova
continuamente, um amor de Deus que, desde a eternidade, planejou a
maior de todas as obras-primas criadas por suas mã os: a Imaculada
Virgem Maria.
Desde toda a eternidade, o Deus Todo-Poderoso se deleitou com o
que deveria ser a obra mais perfeita de Suas mã os e antecipou este
plano maravilhoso com um derramamento de Sua graça.
O homem, criado inocente, caiu por desobedecê -lo; a marca do
pecado original icou gravada em sua testa e na de sua descendê ncia,
que sofrerá as consequê ncias até o im dos tempos.
Uma mulher trouxe a ruı́na, e uma mulher deveria trazer a
salvaçã o. Aquele, sendo tentado por uma serpente, estampou a marca
do pecado na raça humana; a outra era subir pela graça, pura e
imaculada. Ela esmagaria a cabeça da serpente que estava indefesa
diante dela e que lutou em vã o sob seu calcanhar; pois ela foi concebida
sem pecado, e por meio dela veio a graça para a humanidade.
Protegida com Graça por Aquele que era para ser o Salvador da
Humanidade que havia caı́do em pecado, ela escapou de todas as
sombras do mal. Ela surgiu da mente de Deus como um puro raio de luz
e brilhará como uma estrela da manhã sobre a raça humana que se
volta para ela. Ela será o guia seguro que conduzirá nossos passos em
direçã o ao Sol Divino que é Jesus Cristo. Ele a torna radiante com o
esplendor divino e a aponta como nosso modelo de pureza e
santidade. Nenhuma criatura a supera, mas toda a criaçã o é concedida a
ela pela graça dAquele que a fez imaculada. Aquele que ela deveria
carregar em seu ventre era o Filho de Deus participando com o Pai e o
Espı́rito Santo na gló ria de sua concepçã o.
Vestida de luz desde o momento de sua concepçã o, ela cresceu em
graça e formosura. Depois do Deus Todo-Poderoso, ela é a mais perfeita
das criaturas; mais puro do que os anjos; Deus realmente se agrada
dela, visto que ela mais se assemelha a Ele e é o ú nico repositó rio digno
de Seus segredos.
Na ordem natural ela precedeu seu Filho Divino, Nosso Senhor,
mas na ordem divina Jesus, o Sol Divino, surgiu diante dela, e ela
recebeu Dele toda graça, toda pureza e toda beleza.
Tudo é escuridã o comparada à pura luz que renova toda a criaçã o
por Aquele que ela carregou em seu ventre, como o orvalho na rosa.
A Imaculada Conceiçã o é o primeiro passo em nossa salvaçã o. Por
meio desse dom singular e ú nico, Maria recebeu uma profusã o da Graça
Divina e, por meio de sua cooperaçã o, tornou-se digna de absorver
in initamente mais.
Minha purı́ssima Mã e, minha alma tã o pobre, toda manchada de
misé ria e o pecado clama ao teu coraçã o materno. Na tua bondade,
digna-te, rogo-te, derramar sobre mim pelo menos um pouco da graça
que em ti luiu com in inita profusã o do Coraçã o de Deus. Fortalecido e
amparado por esta graça, que eu consiga amar e servir melhor a Deus
Todo-Poderoso que encheu completamente o seu coraçã o e que criou o
templo do seu corpo desde o momento da sua Imaculada Conceiçã o.
As Trê s Pessoas Divinas imbuem esta criatura sublime com todos
os seus privilé gios, seus favores e suas graças, e com toda a sua
santidade.
O Pai Eterno a criou pura e imaculada e se agrada dela, pois ela é a
digna morada de Seu ú nico Filho. Por meio da geraçã o de Seu Filho em
Seu seio desde toda a eternidade, Ele prevê a geraçã o de Seu Filho como
Homem no ventre puro desta mã e, e a vestiu desde a concepçã o com a
vestimenta de neve radiante da graça e da mais perfeita santidade; ela
participa de Sua perfeiçã o.
O Filho que a escolheu para sua Mã e derramou nela Sua sabedoria
de que desde o inı́cio, por conhecimento infundido, ela conheceu seu
Deus. Ela O amou e serviu da maneira mais perfeita, pois Ele nunca
antes havia sido amado e servido nesta terra.
O Espı́rito Santo derramou Seu amor nela; ela era a ú nica criatura
digna ou capaz de receber esse amor em medida ilimitada, porque
nenhuma outra tinha pureza su iciente para chegar tã o perto de Deus; e
estar perto dele poderia conhecê -lo e amá -lo cada vez mais. Ela era a
ú nica criatura capaz de conter a torrente de amor que se derramava do
alto. Só ela era digna de voltar para Aquele de quem veio esse
amor. Este mesmo amor a preparou para aquele “Fiat” que livrou o
mundo da tirania do inimigo infernal e a obscureceu, a mais pura das
pombas, engravidando-a do Filho de Deus.
O minha Mã e, como me envergonho da tua presença, oprimido
como estou pelas faltas! Você é mais puro e imaculado desde o
momento de sua concepçã o, na verdade, desde o momento na
eternidade em que foi concebido na mente de Deus.
Tenha pena de mim! Que um seu olhar compassivo me avive, me
puri ique e me eleve a Deus; levantando-me da imundı́cie deste mundo
para que eu possa ir até Aquele que me criou, que me regenerou no
Santo Batismo, devolvendo-me minha estola branca de inocê ncia que o
pecado original havia tã o contaminado. Querida Mã e, faça-me amá lo! Derrame em meu coraçã o aquele amor que ardia no seu por
ele. Mesmo estando vestido de misé ria, reverencio o misté rio de sua
Imaculada Conceiçã o e desejo ardentemente que por ela puri ique meu
coraçã o para que eu ame o seu Deus e o meu Deus. Limpe minha mente
para que ela chegue até Ele e O contemple e O adore em espı́rito e em
verdade. Puri ica meu corpo para que eu també m possa ser um
taberná culo para Ele e ser menos indigno de possuı́-lo quando Ele se
dignar a vir a mim na Sagrada Comunhã o. Um homem.
També m nó s, resgatados pelo Santo Baptismo, correspondemos à
graça da nossa vocaçã o quando, imitando a nossa Mã e Imaculada, nos
aplicamos incessantemente ao conhecimento de Deus, para que
possamos aprender cada vez melhor a conhecê -lo, a servi-lo e a amo
ele.
P ADRE P IO , OFMCap.
Estigmas do Padre Pio em 1918
Mão direita estigmatizada
Abençoando o An itrião
Derramando Vinho no Cálice
Meditação antes da missa
Padre Pio como diácono
Batizando
Última bênção
Ecce Agnus Dei
Foto recente do Padre Pio nos jardins do mosteiro
PADRE PIO DI PIETRELCINA
Monte Gargano ica perto de Foggia, nas encostas orientais da
penı́nsula italiana. E considerado um local sagrado desde os tempos
pagã os; em uma caverna com vista para o Adriá tico, uma batalha
lendá ria entre as forças do bem e do mal deveria ter ocorrido, e se
tornou o objetivo de peregrinaçõ es. Moedas de ouro foram encontradas
retratando a luta misteriosa. O cristianismo mudou os personagens da
peça, e conta que Sã o Miguel derrotou o Diabo naquela mesma caverna,
aparecendo ali mais tarde e ordenando que fosse erguida uma igreja em
sua homenagem, como é comemorado no dia 8 de maio, festa da
Apariçã o de Sã o Miguel. As peregrinaçõ es continuaram atravé s dos
tempos, e o Monte Gargano se tornou o protó tipo dos grandes
mosteiros medievais dedicados ao Arcanjo, como o Monte St. Michel na
Bretanha e o Monte Sã o Miguel na Cornualha. As pessoas ainda migram
para a montanha - mas para o outro lado e por um motivo diferente e
um contato mais humano. Pois naquela paisagem sombria e pedregosa
vive um homem que está em chamas pelo amor de Deus, um pobre
monge capuchinho que pensou tanto na Paixã o de Cristo que os
Sagrados Estigmas se reproduzem como feridas vivas, sangrando em
suas mã os e pé s e lado. A Igreja condena tudo o que se assemelhe a um
“culto” ou à veneraçã o do ser humano em vida, antes que as suas
virtudes e boas obras sejam transmitidas e a sua santidade provada,
por assim dizer, em tribunal. Padre Pio nã o pode pregar nem mesmo
escrever cartas para o exterior; mas a qualidade convincente de sua
santidade é tã o grande que o povo corre para seu confessioná rio e ica
horas no escuro e no frio, esperando o privilé gio de ouvir sua missa.
Francesco Forgione nasceu em 25 de maio de 1887, ilho de pais
pobres, de descendê ncia camponesa, um dos oito ilhos. Seu pai migrou
duas vezes para a Amé rica como diarista para ganhar dinheiro
su iciente para sustentar sua famı́lia e permitir que Francesco fosse
educado para o sacerdó cio. Ele foi ensinado em particular, primeiro por
um padre despido que levava uma vida de pecado e que nada podia
fazer com o menino, e depois por um certo Maestro Caccavo que foi
rá pido em perceber as qualidades notá veis de seu pupilo. Entrou para
um colé gio dirigido pelos Frades Capuchinhos e de lá partiu para o
noviciado em Morcone, na Provı́ncia de Benevento, onde adquiriu o
há bito em 1902. Nunca robusto, seu jejum e oraçõ es tornaram-se tã o
excessivos que sua saú de icou completa. minado, e seus pais
imploraram para levá -lo para casa. Em vez disso, ele foi transferido
para St. Elia em Parisi, onde permaneceu por quatro anos. Sua saú de
continuou a causar ansiedade; ele estava sujeito a febres altas
repentinas que desapareciam tã o misteriosamente quanto surgiam. Ele
viveu 21 dias sem comida, mas a Hó stia Sagrada, enquanto ao mesmo
tempo seguia a vida da comunidade. O boato de sua santidade logo se
espalhou e ele foi novamente transferido.
Existem muitas histó rias de seus encontros com o Diabo, que fez o
possı́vel para assustá -lo e afastá -lo de sua vida de jejum e oraçã o.
Foi ordenado na Catedral de Benevento, já destruı́da por bombas,
em 10 de agosto de 1910, e celebrou sua primeira missa em Pietrelcina,
onde havia sido batizado 23 anos antes.
Em setembro de 1915, ele foi mandado para casa para descansar,
sofrendo de tuberculose, e construiu para si uma cabana nos fundos do
está bulo, onde poderia estudar e orar em paz. Sua mã e o chamou para
jantar um dia, e ele veio em sua direçã o torcendo as mã os. Ela
perguntou brincando se ele estava tocando violã o e ele disse que era
porque suas mã os doı́am muito, mas ao mesmo tempo zombava
disso. Era a festa dos Estigmas de Sã o Francisco.
Apesar da sua saú de debilitada, foi convocado para o exé rcito em
1915, mas foi logo libertado e inalmente enviado para o Mosteiro de
San Giovanni Rotondo, onde vive desde entã o. Seus primeiros anos lá
foram monó tonos; sua reputaçã o de santidade o seguia, e ele se
mantinha ocupado por horas no confessioná rio. Mas na sexta-feira, dia
20 de setembro de 1918, aconteceu com ele um acontecimento que nã o
só mudou toda a sua vida, mas que o distinguiu do resto da
humanidade. Ele estava orando em sua baia no coro quando de repente
os monges ouviram um grito agudo. Correndo para descobrir a causa,
encontraram Padre Pio caı́do inconsciente no chã o do coro, com as
mã os, os pé s e o lanco marcados por feridas profundas e
sangrentas. Ele foi carregado para sua cela, onde gradualmente
recuperou a consciê ncia, implorando a seus irmã os que guardassem
seu segredo. Ele havia usado estigmas invisı́veis por trê s anos e agora
eles estavam lá para que todos pudessem ver. Eles permaneceram os
mesmos até hoje, por mais de quarenta e dois anos. Ele foi sujeito a
interminá veis e muitas vezes dolorosos exames mé dicos, e passou por
todo tipo de tratamento supostamente curativo, mas as feridas
permanecem abertas e completamente livres de infecçã o. Ele perde
cerca de uma taça cheia de sangue todos os dias de seu lado, que é
coberto o tempo todo com um pano de linho para evitar a mancha
interminá vel de suas vestes. Ele usa meias luvas marrons nas mã os,
exceto quando está celebrando a missa. As autoridades inalmente
decidiram deixar o pobre homem em paz e nã o tentar interferir na
manifestaçã o da Vontade de Deus com remé dios inú teis e visitas de
mé dicos. Ningué m sabe o quanto Padre Pio sofre com seus ferimentos,
mas seu andar um tanto vacilante é prova su iciente de sua consciê ncia
constante de seus pé s transpassados. Quando questionado se os
estigmas eram dolorosos, ele respondeu rindo: "Você acha que o Senhor
os deu a mim como decoraçã o?"
A Igreja é sempre extremamente cautelosa em tais casos, que nã o
sã o sem precedentes, e o milagre dos estigmas do Padre Pio foi visto
com ceticismo nos cı́rculos do Vaticano. O povo, entretanto, tomou o
assunto em suas pró prias mã os e logo se reuniram aos milhares para o
pequeno convento na encosta da montanha á rida. Como já assinalamos,
o Padre Pio foi “silenciado” por Roma; ele estava proibido de escrever
ou de pregar, mas o confessioná rio era seu campo onde ele fazia uma
imensa colheita de almas. A sua missa é uma experiê ncia inesquecı́vel
para quem teve o privilé gio de a assistir; ele diz isso como se pela
primeira e pela ú ltima vez, tã o grande é sua absorçã o.
A peregrinaçã o a San Giovanni Rotondo nos primeiros dias
apresentou di iculdades e desconfortos incrı́veis. Nã o havia meios de
transporte ou acomodaçõ es e as estradas eram pouco mais do que
trilhas de mulas. Os ié is, geralmente depois de viajarem a noite toda,
tinham o há bito de se reunir diante das portas fechadas da igreja à luz
das estrelas - isto é , se tivessem sorte e o tempo estivesse bom. Lá eles
esperaram por horas até que as portas fossem abertas à s cinco, quando
ocorreu uma corrida para conseguir um bom lugar no altar. Depois da
missa, que dura mais de uma hora e meia, o Padre Pio vai à sua cela
para fazer a sua açã o de graças (só faz uma refeiçã o por dia) e depois
regressa à sacristia e ao confessioná rio aberto onde passa o maior parte
de seu dia. A luta impró pria que existia nos primeiros dias foi
organizada em uma questã o ordeira. Os homens e mulheres recebem
ingressos e vã o à con issã o quando seus nú meros sã o chamados.
O atraente encanto da santidade é particularmente evidente no
Padre Pio, que parece atrair todos os tipos e personagens, e que os
manda embora curados, fortalecidos e alegres. Há um nú mero in inito
de histó rias mostrando sua penetraçã o inteiramente sobrenatural na
consciê ncia das pessoas; centenas, com a carga de alguns pecados do
passado pesando em suas almas, foram saudados por ele, mesmo antes
de entrar no confessioná rio, com alguma observaçã o que mostrava que
ele os esperava e estava completamente ciente de seu problema. Para
alguns que vieram de longa distâ ncia para pedir a cura de um parente
ou uma conversã o, ele é conhecido por anunciar a cura ou a conversã o
antes mesmo de falarem com ele. Onde as pessoas sã o sinceras e
humildemente ansiosas para serem ajudadas, ele nunca deixa de lhes
dar força e conselhos caseiros em alguma frase concisa, muitas vezes
expressa no verná culo picante das montanhas. Ai daqueles que tentam
esconder a verdade dele, ou estã o lá por mera curiosidade! Sua
sagacidade fulgurante os engana com uma palavra, à s vezes com raiva, e
eles se aposentam desconcertados.
Pareceria que o mundo inteiro era sua paró quia e nã o apenas a
aldeia da montanha, embora a aldeia agora esteja se tornando longe de
ser uma aldeia e esteja crescendo rapidamente em um resort pró spero
com hoté is, lojas e avenidas largas. A in luê ncia do Padre Pio atinge
todo o mundo e parece haver poucas dú vidas sobre o fato de seu dom
de bilocaçã o. Ele apareceu com tanta frequê ncia para as pessoas que
lhe pediam ajuda que as histó rias sã o uma legiã o, e suas apariçõ es
muitas vezes foram acompanhadas por curas notá veis. A sua
personalidade permanece sempre a mesma nos numerosos e variados
relatos das suas visitas, por pessoas de todas as classes sociais: é
sempre o sacerdote bondoso, vigoroso e humilde, cujo amor a Deus e ao
homem lhe permite conquistar espaço para ajudar aqueles em
apuros. Pode ser considerado um substituto justo para as cartas de
orientaçã o espiritual que ele está proibido de escrever!
Ele tem outra maneira de anunciar sua presença; Existem
centenas de relatos de seus ilhos espirituais sendo alertados sobre um
perfume, ou diferentes perfumes, quando pensavam ou falavam dele. O
cheiro varia de um cheiro de tabaco bom a um de lores celestiais, mas
sempre é totalmente independente do ambiente e desaparece tã o
repentinamente quanto surge.
Padre Pio vive em extrema austeridade cercado por um pequeno
grupo de monges. Uma de suas tarefas mais pesadas é o manuseio da
enorme quantidade de correspondê ncia que chega diariamente ao
mosteiro, literalmente centenas de cartas e telegramas, em todas as
lı́nguas e de todos os cantos do globo. Esses mesmos monges també m
montam guarda para proteger sua pessoa dos ataques dos
superzelosos. Eles empurram a multidã o para o lado para abrir
caminho para o homem santo em seu caminho de ida e volta para a
sacristia. Ele mesmo costuma usar seu grande lenço para afastar o
importuno com golpes rá pidos e vigorosos.
Embora nã o tenha nenhum interesse pessoal por dinheiro, ele
aceitou esmolas para erguer o sonho de sua vida, um grande e bem
equipado hospital para cuidar dos pobres e enfermos daquela vasta e
desolada regiã o. Grandes e pequenas contribuiçõ es chegaram de
amigos do Padre Pio em todos os paı́ses, e “O Lar para o Alı́vio do
Sofrimento” deve ser um monumento ao seu amor pela humanidade
muito depois de ele ter sido chamado para sua recompensa.
Os seguintes trechos sã o de um artigo de Orio Vergani publicado
no “Corriere della Sera”.
“Trinta e seis anos se passaram desde o aparecimento das cinco
feridas que nunca cicatrizaram; Francesco Forgione está entrando
dolorosamente no grupo dos grandes que usam os Estigmas. Apenas
um, Sã o Francisco de Assis, foi reconhecido pela Igreja, depois que um
Papa deu testemunho dele. Houve cerca de sessenta outros, incluindo a
recé m-canonizada Santa Gema Galgani. Chamei de penosa entrada,
porque, mesmo em um cará ter simples, como o do frade camponê s de
Pietrelcina, a dor das feridas é menos atormentadora do que a
enxurrada de argumentos e investigaçõ es de seu caso. A Igreja nã o fará
um pronunciamento durante sua vida, mas os crentes e descrentes
expressam livremente suas opiniõ es con litantes. As investigaçõ es
mé dicas e psicoló gicas acontecem uma apó s a outra. O suposto santo é
tratado como algué m que sofre de uma doença misteriosa; todo esforço
é feito para chamá -lo de histeria, auto-sugestã o ou alguma outra forma
de neurose, para produzir alguma explicaçã o natural para aquele jorro
de sangue das mã os, pé s e lateral do corpo. A fé ica de lado, esperando
por milagres, mas a ciê ncia converge em San Giovanni Rotondo com
aná lises quı́micas e exames cirú rgicos. Se este é o caminho para a
santidade, é um caminho cansativo e atribulado. Por um lado, a ciê ncia
admite que se defronta com o inexplicá vel e, por outro, declara que
tudo pode ser explicado.
“Em poucos anos, Padre Pio, que nunca sai de seu mosteiro, nunca
discute seus problemas, nunca mostra o menor vestı́gio de orgulho,
tornou-se um centro tormentoso de polê mica, entre aqueles que
declaram acreditar nele agora, e aqueles que dizem que, para acreditar,
terã o que esperar sua morte e a prova do milagre.
“Uma imensa bibliogra ia, composta por grandes volumes,
pan letos, testemunhos, boletins, etc., cresceu em torno do Padre Pio,
que é procurado por uma multidã o cada vez maior de pessoas. Eles vê m
em massa, para a igreja que é muito pequena para mantê -los naquela
vila remota, e tudo o que vê m é para orar.
“. . . Entretanto, continua vivo e vigoroso na sua missã o de
confessor e sacerdote. Padre Pio ouve Con issõ es por dez e até doze
horas quase todos os dias. Seus penitentes vê m de longe e de
perto. Fora da igreja, ao longo da estrada que sobe de San Giovanni
Rotondo, uma nova cidade está nascendo, das necessidades humanas
comuns a qualquer local de peregrinaçã o. . .
“Padre Pio vive recluso entre o altar e o confessioná rio há
quarenta e dois anos e só olha para ver como anda o grande hospital de
seis andares; a igrejinha nã o mudou, apesar da fama de seu guardiã o,
nem um quadro nem uma cortina foram movidos, e ainda está e sempre
será extremamente pobre. . .
“Na igrejinha de San Giovanni Rotondo, um cerco de devotos
preocupados pressiona incessantemente contra o mais incansá vel e
mais paciente dos frades rú sticos, todos esperando dele o dom da
graça.
“Os Correios de San Giovanni Rotondo trabalham principalmente
para o Padre Pio. A aldeia tem quinze mil habitantes, mas o correio é
principalmente para o monge de Pietrelcina. As Con issõ es orais sã o
continuadas atravé s da correspondê ncia, as muitas cartas falam de
preocupaçõ es, doenças e tristezas; imploram por ajuda dAquele que,
pelas feridas que sangra, parece-lhes o melhor intermediá rio com
Cristo. . . Tudo isso, devemos lembrar, está acontecendo em um
pequeno povoado que parece agarrar-se à orla da Terra, mais destacado
do que uma ilha, rodeado por penhascos rochosos e choupanas
desoladas; num mundo onde a á gua se mede em gotas, onde ovelhas
pastam sob as paredes do mosteiro e onde quem fala parece desmaiado
do grande silê ncio.
“Aqui está a igreja, sem fachada real, enxertada como está no
mosteiro. E um pouco maior que uma capela, com paredes decoradas
com desenhos geomé tricos do sé culo 19, como os pintores de paredes
costumavam copiar dos manuais dos decoradores. O chã o é de
ladrilhos, a nave e a entrada sã o caiadas de branco. O altar onde o Padre
Pio celebra a missa de madrugada está exatamente como quando a
rezou na manhã do dia 20 de setembro de 1918, momentos antes do
aparecimento dos Estigmas, quando o frade foi tomado por aquele
breve desmaio. enquanto ele estava ajoelhado no coro. O altar é rú stico,
dedicado a Sã o Francisco, com alguns enfeites de gesso
despretensiosos.
“Toda a igreja, desde a entrada da nave, desde a sacristia até as
janelas que dã o para o jardim, está rabiscada a lá pis. Nenhum ex-voto é
trazido para San Giovanni Rotondo, mas quem pode impedir as pessoas
de escreverem a lá pis para o Padre Pio? Da madrugada até o anoitecer, a
igreja está sempre aberta, e invariavelmente lotada com tantos ié is
quanto pode conter, que só se afastam durante os breves momentos em
que o Padre Pio vai para um breve descanso. Nã o há um dia, nem quase
uma hora, em que a igrejinha nesta aldeia de Puglie nã o abrigue
trezentos ié is, a maioria de joelhos. Enquanto esperam a con issã o,
temendo que a conversa com o Padre Pio atravé s da grade do
confessioná rio seja muito breve, muitos pegam um lá pis e con idenciam
seus pedidos tardios em poucas palavras rabiscadas na parede. Desta
forma, toda a igreja é coberta com pequenas mensagens a lá pis; há um
nú mero inde inido de sú plicas, de sú plicas sem im, de declaraçõ es
abertas de luto, todas elas assinadas, e muitas dando seus endereços,
como se Padre Pio pudesse respondê -las. O povo sabe que Padre Pio
nã o pode ler essas notas, mas tem certeza de que ele as vê do mesmo
jeito, mesmo que seus olhos nunca pousem na pró pria escrita. . . . A
cada poucos meses, os Irmã os descem à igreja à noite com um balde de
tinta branca e apagam tudo, mas ningué m duvida por um momento que
as oraçõ es do Padre Pio intercederam por cada inscriçã o.
“Eu me vi entre os homens no loft do ó rgã o. Dois camponeses
estavam de um lado meu e do outro um empresá rio genovê s, que estava
aqui com sua mulher, que havia sido curada por um milagre. Ele me
disse que ela estava morrendo, agora estava completamente
recuperada e acabara de passar sua terceira manhã ajoelhada na igreja.
“Nã o pude ir à con issã o nem à comunhã o, mas iquei ali trê s
horas, olhando para o Padre Pio, sentado à porta do seu rebanho, no
trono simples do seu confessioná rio. Olhei para o frade que queria
entrevistar e, ao fazê -lo, senti como se todo o meu jornalismo, toda a
minha vida pro issional, todas as perguntas que planejara fazer se
desvanecessem ante a extrema simplicidade do que vi, com esses olhos
que de fato viram tanto e que ainda nã o se cansavam daquela imagem
misteriosamente simples. O que vi foi um frade camponê s sentado,
como se sentava todos os dias durante quarenta e dois anos, em seu
confessioná rio rú stico, dando um nú mero incalculá vel de entrevistas,
muito diferente da que eu havia planejado. Ele se inclinou para ouvir,
primeiro de um lado e depois do outro, enquanto as duas ilas lentas de
penitentes subiam, para ouvir todos os pecados do mundo ”.
“Chamei-o de frade camponê s e, de fato, ele é , ilho de
camponeses. Seu rosto e sua igura sã o á speros e me lembram dos
velhos pastores que vi quando menino, na Campagna romana e nas
trilhas de gado do Murgie; ou aqueles pastores antigos das altas
pastagens dos Apeninos Lucanianos e Calá brios. Sua igura é
atarracada, ele tem uma barba rija e atarracada e cabelo curto. O seu
ascetismo nã o deixou no rosto os seus traços caracterı́sticos, que
trazem antes os de uma convicçã o profunda e pacı́ ica. Sentado em sua
cadeira alta de madeira, ele se inclinava primeiro de um lado e depois
do outro para ouvir, e entã o pegava nas mã os as cartas e cartõ es que lhe
eram entregues para tocar. - Toque em todos, padre, sã o apenas
doze! Eu ouvi uma pequena mulher dizer a ele. De vez em quando, eu o
via levantar uma das mã os como se quisesse aliviá -la de alguma dor
oculta, e de vez em quando ele suspirava profundamente, inclinando-se
para a direita, como se para aliviar o lado esquerdo, cansado e dolorido
a ferida. Seu rosto nunca mudou de expressã o; apenas ocasionalmente
se aborrecia quando alguma mulher, tendo terminado sua con issã o,
permanecia ajoelhada diante dele, recusando-se a sair. Ele entã o a
dispensaria com um aceno de seu grande lenço. Ele tinha ouvido
Con issõ es desde o amanhecer, e de vez em quando, ele fazia um gesto
de apelo para a multidã o de mulheres que se empurravam contra a
grade, implorando para que o deixassem respirar, parassem de olhar
para ele, para permitir que ele assoar o nariz em paz! Se se pode usar a
expressã o 'gostei', ao se referir aos gestos de quem está sendo
proclamado santo por todos que o cercam, direi que gostei de sua
franqueza quase grosseira, de sua maneira de ordenar, com um aceno
de sua mã o, nas duas linhas de mulheres. Eu gostava de ele ser pastor,
assim como pastor. Olhei para suas mã os, cobertas com luvas de lã
marrom, aquelas mã os que sangraram lentamente por 36 anos, e
percebi o quã o fraca seria minha fé , se me arrependesse muito de nã o
poder vê -las descobertas ”.
“Quando ele se levantou para sair, era quase meio-dia. O grupo de
mulheres estava ajoelhado à sua frente, tentando alcançar sua tú nica,
suas mã os e seus pé s. Eu podia ouvir sua voz pedindo quase impaciente
para deixá -lo passar. Os dois Irmã os que vieram buscá -lo foram ainda
mais abruptos. Até os santos tê m um limite de resistê ncia, e Padre Pio
estava abrindo caminho para si mesmo com movimentos vigorosos de
seu lenço. Acompanhei-o até a sacristia com a multidã o silenciosa que
nã o o deixava por um momento. Me misturei com as dezenas que
estavam tentando, de uma forma ou de outra, dar a ele algum objeto ou
fazer com que ele falasse com eles. Nesse ı́nterim, ele estava tentando
entrar em sua sobrepeliz para distribuir a Sagrada Comunhã o. O Padre
Pio tentava se vestir e todos tentavam ajudá -lo, puxando uma manga e
depois a outra, fazendo-o perder tempo e, na verdade, submetendo-o a
uma leve tortura. Fiquei com vergonha de ter contribuı́do para a
invasã o de sua privacidade. 'Você quer arrancar meus braços? Você
realmente quer arrancá -los? ' ele continuou perguntando, mas seus
olhos nã o estavam zangados, mesmo que sua voz soasse irritada.
“No meio da confusã o de demandas clamorosas, disseram-lhe
quem eu era, minha pro issã o, e que vim de Milã o para vê -lo. - Você fez
essa grande viagem só para me ver? ele disse sorrindo, 'Você veio ver
uma coisa boa! Vindo de Milã o també m! Você nã o tem um livro de
oraçõ es em casa? Você poderia ter salvado a viagem, Deus o
abençoe! Uma Ave Maria é melhor do que qualquer viagem, meu ilho! ”
“A multidã o o carregou para longe de mim, levando-o de volta para
a igreja, e formando um grupo ao redor dos degraus do altar. As
mulheres estavam todas ajoelhadas para receber a comunhã o. O Padre
Pio, diante deles, tinha toda a simplicidade dos primeiros cristã os, que
eram ao mesmo tempo pastores e sacerdotes ”.