Oração de meditação sobre Maria Imaculada Índice Capa Pá gina de direitos autorais CONTEUDO PREFACIO BEM-AVENTURADO SEJA CRISTO O REI PADRE PIO DI PIETRELCINA Oração de meditação sobre Maria Imaculada Padre Pio Imprimatur: Joannes Gregorius Murray, Archiepiscopus Sancti Pauli Copyright © 1974 por TAN Books. Originalmente publicado por Fathers Rumble and Carty, Radio Replies Press, Inc., St. Paul, Minn., EUA Completo e integral. Padre Pio comemorou o 50º aniversá rio de seus estigmas em 20 de setembro de 1968. Trê s dias depois, em 23 de setembro de 1968, ele faleceu. Padre Pio foi canonizado em 16 de junho de 2002. As fotogra ias usadas neste livreto foram inseridas com a permissã o do detentor dos direitos autorais, Federico Abresch de San Giovanni Rotondo, Foggia, Itá lia. Livros TAN Charlotte, Carolina do Norte www.TANBooks.com 2012 CONTEÚDO PREFACIO BEM-AVENTURADO SEJA CRISTO O REI PADRE PIO DI PIETRELCINA PREFACIO A aproximaçã o do Ano Mariano em que se celebrará o primeiro centená rio da proclamaçã o do Dogma da Imaculada Conceiçã o da BemAventurada Virgem, verdade querida ao coraçã o de cada franciscano, persuadiu-me a divulgar à imprensa este “ Meditaçã o sobre Maria Imaculada ”escrita há muitos anos pelo meu conterrâ neo e irmã o religioso, Padre Pio da Pietrelcina“ Capuchinho ”. O Santo Padre exprimiu os seguintes votos para o Ano Mariano: Que a humanidade volte a Cristo por meio de uma conformidade mais diligente e e icaz ao ensino dos Evangelhos, e que isso aconteça com a maior rapidez possı́vel, por intercessã o de nossa Mã e Celestial. Nisto as nossas oraçõ es unem-se à s do Vigá rio de Cristo. Que as bê nçã os mais escolhidas descam em abundâ ncia sobre todos os ié is, por meio da Virgem Imaculada. Mosteiro de San Pasquale, Benevento, Itá lia, na festa da Apresentaçã o da Santı́ssima Virgem no Templo, 1953. P ADRE E ZECHIA C ARDONE , OFM BEM-AVENTURADO SEJA CRISTO O REI H EDITATION NO eu MMACULATE C ONCEPTION Por Padre Pio, OFMCap. Amor Eterno, Espı́rito de Luz e Verdade, abre caminho em minha pobre mente e permite-me penetrar tanto quanto possı́vel a uma criatura miserá vel como eu, naquele abismo de graça, de pureza e de santidade, para que eu possa adquirir um amor de Deus que se renova continuamente, um amor de Deus que, desde a eternidade, planejou a maior de todas as obras-primas criadas por suas mã os: a Imaculada Virgem Maria. Desde toda a eternidade, o Deus Todo-Poderoso se deleitou com o que deveria ser a obra mais perfeita de Suas mã os e antecipou este plano maravilhoso com um derramamento de Sua graça. O homem, criado inocente, caiu por desobedecê -lo; a marca do pecado original icou gravada em sua testa e na de sua descendê ncia, que sofrerá as consequê ncias até o im dos tempos. Uma mulher trouxe a ruı́na, e uma mulher deveria trazer a salvaçã o. Aquele, sendo tentado por uma serpente, estampou a marca do pecado na raça humana; a outra era subir pela graça, pura e imaculada. Ela esmagaria a cabeça da serpente que estava indefesa diante dela e que lutou em vã o sob seu calcanhar; pois ela foi concebida sem pecado, e por meio dela veio a graça para a humanidade. Protegida com Graça por Aquele que era para ser o Salvador da Humanidade que havia caı́do em pecado, ela escapou de todas as sombras do mal. Ela surgiu da mente de Deus como um puro raio de luz e brilhará como uma estrela da manhã sobre a raça humana que se volta para ela. Ela será o guia seguro que conduzirá nossos passos em direçã o ao Sol Divino que é Jesus Cristo. Ele a torna radiante com o esplendor divino e a aponta como nosso modelo de pureza e santidade. Nenhuma criatura a supera, mas toda a criaçã o é concedida a ela pela graça dAquele que a fez imaculada. Aquele que ela deveria carregar em seu ventre era o Filho de Deus participando com o Pai e o Espı́rito Santo na gló ria de sua concepçã o. Vestida de luz desde o momento de sua concepçã o, ela cresceu em graça e formosura. Depois do Deus Todo-Poderoso, ela é a mais perfeita das criaturas; mais puro do que os anjos; Deus realmente se agrada dela, visto que ela mais se assemelha a Ele e é o ú nico repositó rio digno de Seus segredos. Na ordem natural ela precedeu seu Filho Divino, Nosso Senhor, mas na ordem divina Jesus, o Sol Divino, surgiu diante dela, e ela recebeu Dele toda graça, toda pureza e toda beleza. Tudo é escuridã o comparada à pura luz que renova toda a criaçã o por Aquele que ela carregou em seu ventre, como o orvalho na rosa. A Imaculada Conceiçã o é o primeiro passo em nossa salvaçã o. Por meio desse dom singular e ú nico, Maria recebeu uma profusã o da Graça Divina e, por meio de sua cooperaçã o, tornou-se digna de absorver in initamente mais. Minha purı́ssima Mã e, minha alma tã o pobre, toda manchada de misé ria e o pecado clama ao teu coraçã o materno. Na tua bondade, digna-te, rogo-te, derramar sobre mim pelo menos um pouco da graça que em ti luiu com in inita profusã o do Coraçã o de Deus. Fortalecido e amparado por esta graça, que eu consiga amar e servir melhor a Deus Todo-Poderoso que encheu completamente o seu coraçã o e que criou o templo do seu corpo desde o momento da sua Imaculada Conceiçã o. As Trê s Pessoas Divinas imbuem esta criatura sublime com todos os seus privilé gios, seus favores e suas graças, e com toda a sua santidade. O Pai Eterno a criou pura e imaculada e se agrada dela, pois ela é a digna morada de Seu ú nico Filho. Por meio da geraçã o de Seu Filho em Seu seio desde toda a eternidade, Ele prevê a geraçã o de Seu Filho como Homem no ventre puro desta mã e, e a vestiu desde a concepçã o com a vestimenta de neve radiante da graça e da mais perfeita santidade; ela participa de Sua perfeiçã o. O Filho que a escolheu para sua Mã e derramou nela Sua sabedoria de que desde o inı́cio, por conhecimento infundido, ela conheceu seu Deus. Ela O amou e serviu da maneira mais perfeita, pois Ele nunca antes havia sido amado e servido nesta terra. O Espı́rito Santo derramou Seu amor nela; ela era a ú nica criatura digna ou capaz de receber esse amor em medida ilimitada, porque nenhuma outra tinha pureza su iciente para chegar tã o perto de Deus; e estar perto dele poderia conhecê -lo e amá -lo cada vez mais. Ela era a ú nica criatura capaz de conter a torrente de amor que se derramava do alto. Só ela era digna de voltar para Aquele de quem veio esse amor. Este mesmo amor a preparou para aquele “Fiat” que livrou o mundo da tirania do inimigo infernal e a obscureceu, a mais pura das pombas, engravidando-a do Filho de Deus. O minha Mã e, como me envergonho da tua presença, oprimido como estou pelas faltas! Você é mais puro e imaculado desde o momento de sua concepçã o, na verdade, desde o momento na eternidade em que foi concebido na mente de Deus. Tenha pena de mim! Que um seu olhar compassivo me avive, me puri ique e me eleve a Deus; levantando-me da imundı́cie deste mundo para que eu possa ir até Aquele que me criou, que me regenerou no Santo Batismo, devolvendo-me minha estola branca de inocê ncia que o pecado original havia tã o contaminado. Querida Mã e, faça-me amá lo! Derrame em meu coraçã o aquele amor que ardia no seu por ele. Mesmo estando vestido de misé ria, reverencio o misté rio de sua Imaculada Conceiçã o e desejo ardentemente que por ela puri ique meu coraçã o para que eu ame o seu Deus e o meu Deus. Limpe minha mente para que ela chegue até Ele e O contemple e O adore em espı́rito e em verdade. Puri ica meu corpo para que eu també m possa ser um taberná culo para Ele e ser menos indigno de possuı́-lo quando Ele se dignar a vir a mim na Sagrada Comunhã o. Um homem. També m nó s, resgatados pelo Santo Baptismo, correspondemos à graça da nossa vocaçã o quando, imitando a nossa Mã e Imaculada, nos aplicamos incessantemente ao conhecimento de Deus, para que possamos aprender cada vez melhor a conhecê -lo, a servi-lo e a amo ele. P ADRE P IO , OFMCap. Estigmas do Padre Pio em 1918 Mão direita estigmatizada Abençoando o An itrião Derramando Vinho no Cálice Meditação antes da missa Padre Pio como diácono Batizando Última bênção Ecce Agnus Dei Foto recente do Padre Pio nos jardins do mosteiro PADRE PIO DI PIETRELCINA Monte Gargano ica perto de Foggia, nas encostas orientais da penı́nsula italiana. E considerado um local sagrado desde os tempos pagã os; em uma caverna com vista para o Adriá tico, uma batalha lendá ria entre as forças do bem e do mal deveria ter ocorrido, e se tornou o objetivo de peregrinaçõ es. Moedas de ouro foram encontradas retratando a luta misteriosa. O cristianismo mudou os personagens da peça, e conta que Sã o Miguel derrotou o Diabo naquela mesma caverna, aparecendo ali mais tarde e ordenando que fosse erguida uma igreja em sua homenagem, como é comemorado no dia 8 de maio, festa da Apariçã o de Sã o Miguel. As peregrinaçõ es continuaram atravé s dos tempos, e o Monte Gargano se tornou o protó tipo dos grandes mosteiros medievais dedicados ao Arcanjo, como o Monte St. Michel na Bretanha e o Monte Sã o Miguel na Cornualha. As pessoas ainda migram para a montanha - mas para o outro lado e por um motivo diferente e um contato mais humano. Pois naquela paisagem sombria e pedregosa vive um homem que está em chamas pelo amor de Deus, um pobre monge capuchinho que pensou tanto na Paixã o de Cristo que os Sagrados Estigmas se reproduzem como feridas vivas, sangrando em suas mã os e pé s e lado. A Igreja condena tudo o que se assemelhe a um “culto” ou à veneraçã o do ser humano em vida, antes que as suas virtudes e boas obras sejam transmitidas e a sua santidade provada, por assim dizer, em tribunal. Padre Pio nã o pode pregar nem mesmo escrever cartas para o exterior; mas a qualidade convincente de sua santidade é tã o grande que o povo corre para seu confessioná rio e ica horas no escuro e no frio, esperando o privilé gio de ouvir sua missa. Francesco Forgione nasceu em 25 de maio de 1887, ilho de pais pobres, de descendê ncia camponesa, um dos oito ilhos. Seu pai migrou duas vezes para a Amé rica como diarista para ganhar dinheiro su iciente para sustentar sua famı́lia e permitir que Francesco fosse educado para o sacerdó cio. Ele foi ensinado em particular, primeiro por um padre despido que levava uma vida de pecado e que nada podia fazer com o menino, e depois por um certo Maestro Caccavo que foi rá pido em perceber as qualidades notá veis de seu pupilo. Entrou para um colé gio dirigido pelos Frades Capuchinhos e de lá partiu para o noviciado em Morcone, na Provı́ncia de Benevento, onde adquiriu o há bito em 1902. Nunca robusto, seu jejum e oraçõ es tornaram-se tã o excessivos que sua saú de icou completa. minado, e seus pais imploraram para levá -lo para casa. Em vez disso, ele foi transferido para St. Elia em Parisi, onde permaneceu por quatro anos. Sua saú de continuou a causar ansiedade; ele estava sujeito a febres altas repentinas que desapareciam tã o misteriosamente quanto surgiam. Ele viveu 21 dias sem comida, mas a Hó stia Sagrada, enquanto ao mesmo tempo seguia a vida da comunidade. O boato de sua santidade logo se espalhou e ele foi novamente transferido. Existem muitas histó rias de seus encontros com o Diabo, que fez o possı́vel para assustá -lo e afastá -lo de sua vida de jejum e oraçã o. Foi ordenado na Catedral de Benevento, já destruı́da por bombas, em 10 de agosto de 1910, e celebrou sua primeira missa em Pietrelcina, onde havia sido batizado 23 anos antes. Em setembro de 1915, ele foi mandado para casa para descansar, sofrendo de tuberculose, e construiu para si uma cabana nos fundos do está bulo, onde poderia estudar e orar em paz. Sua mã e o chamou para jantar um dia, e ele veio em sua direçã o torcendo as mã os. Ela perguntou brincando se ele estava tocando violã o e ele disse que era porque suas mã os doı́am muito, mas ao mesmo tempo zombava disso. Era a festa dos Estigmas de Sã o Francisco. Apesar da sua saú de debilitada, foi convocado para o exé rcito em 1915, mas foi logo libertado e inalmente enviado para o Mosteiro de San Giovanni Rotondo, onde vive desde entã o. Seus primeiros anos lá foram monó tonos; sua reputaçã o de santidade o seguia, e ele se mantinha ocupado por horas no confessioná rio. Mas na sexta-feira, dia 20 de setembro de 1918, aconteceu com ele um acontecimento que nã o só mudou toda a sua vida, mas que o distinguiu do resto da humanidade. Ele estava orando em sua baia no coro quando de repente os monges ouviram um grito agudo. Correndo para descobrir a causa, encontraram Padre Pio caı́do inconsciente no chã o do coro, com as mã os, os pé s e o lanco marcados por feridas profundas e sangrentas. Ele foi carregado para sua cela, onde gradualmente recuperou a consciê ncia, implorando a seus irmã os que guardassem seu segredo. Ele havia usado estigmas invisı́veis por trê s anos e agora eles estavam lá para que todos pudessem ver. Eles permaneceram os mesmos até hoje, por mais de quarenta e dois anos. Ele foi sujeito a interminá veis e muitas vezes dolorosos exames mé dicos, e passou por todo tipo de tratamento supostamente curativo, mas as feridas permanecem abertas e completamente livres de infecçã o. Ele perde cerca de uma taça cheia de sangue todos os dias de seu lado, que é coberto o tempo todo com um pano de linho para evitar a mancha interminá vel de suas vestes. Ele usa meias luvas marrons nas mã os, exceto quando está celebrando a missa. As autoridades inalmente decidiram deixar o pobre homem em paz e nã o tentar interferir na manifestaçã o da Vontade de Deus com remé dios inú teis e visitas de mé dicos. Ningué m sabe o quanto Padre Pio sofre com seus ferimentos, mas seu andar um tanto vacilante é prova su iciente de sua consciê ncia constante de seus pé s transpassados. Quando questionado se os estigmas eram dolorosos, ele respondeu rindo: "Você acha que o Senhor os deu a mim como decoraçã o?" A Igreja é sempre extremamente cautelosa em tais casos, que nã o sã o sem precedentes, e o milagre dos estigmas do Padre Pio foi visto com ceticismo nos cı́rculos do Vaticano. O povo, entretanto, tomou o assunto em suas pró prias mã os e logo se reuniram aos milhares para o pequeno convento na encosta da montanha á rida. Como já assinalamos, o Padre Pio foi “silenciado” por Roma; ele estava proibido de escrever ou de pregar, mas o confessioná rio era seu campo onde ele fazia uma imensa colheita de almas. A sua missa é uma experiê ncia inesquecı́vel para quem teve o privilé gio de a assistir; ele diz isso como se pela primeira e pela ú ltima vez, tã o grande é sua absorçã o. A peregrinaçã o a San Giovanni Rotondo nos primeiros dias apresentou di iculdades e desconfortos incrı́veis. Nã o havia meios de transporte ou acomodaçõ es e as estradas eram pouco mais do que trilhas de mulas. Os ié is, geralmente depois de viajarem a noite toda, tinham o há bito de se reunir diante das portas fechadas da igreja à luz das estrelas - isto é , se tivessem sorte e o tempo estivesse bom. Lá eles esperaram por horas até que as portas fossem abertas à s cinco, quando ocorreu uma corrida para conseguir um bom lugar no altar. Depois da missa, que dura mais de uma hora e meia, o Padre Pio vai à sua cela para fazer a sua açã o de graças (só faz uma refeiçã o por dia) e depois regressa à sacristia e ao confessioná rio aberto onde passa o maior parte de seu dia. A luta impró pria que existia nos primeiros dias foi organizada em uma questã o ordeira. Os homens e mulheres recebem ingressos e vã o à con issã o quando seus nú meros sã o chamados. O atraente encanto da santidade é particularmente evidente no Padre Pio, que parece atrair todos os tipos e personagens, e que os manda embora curados, fortalecidos e alegres. Há um nú mero in inito de histó rias mostrando sua penetraçã o inteiramente sobrenatural na consciê ncia das pessoas; centenas, com a carga de alguns pecados do passado pesando em suas almas, foram saudados por ele, mesmo antes de entrar no confessioná rio, com alguma observaçã o que mostrava que ele os esperava e estava completamente ciente de seu problema. Para alguns que vieram de longa distâ ncia para pedir a cura de um parente ou uma conversã o, ele é conhecido por anunciar a cura ou a conversã o antes mesmo de falarem com ele. Onde as pessoas sã o sinceras e humildemente ansiosas para serem ajudadas, ele nunca deixa de lhes dar força e conselhos caseiros em alguma frase concisa, muitas vezes expressa no verná culo picante das montanhas. Ai daqueles que tentam esconder a verdade dele, ou estã o lá por mera curiosidade! Sua sagacidade fulgurante os engana com uma palavra, à s vezes com raiva, e eles se aposentam desconcertados. Pareceria que o mundo inteiro era sua paró quia e nã o apenas a aldeia da montanha, embora a aldeia agora esteja se tornando longe de ser uma aldeia e esteja crescendo rapidamente em um resort pró spero com hoté is, lojas e avenidas largas. A in luê ncia do Padre Pio atinge todo o mundo e parece haver poucas dú vidas sobre o fato de seu dom de bilocaçã o. Ele apareceu com tanta frequê ncia para as pessoas que lhe pediam ajuda que as histó rias sã o uma legiã o, e suas apariçõ es muitas vezes foram acompanhadas por curas notá veis. A sua personalidade permanece sempre a mesma nos numerosos e variados relatos das suas visitas, por pessoas de todas as classes sociais: é sempre o sacerdote bondoso, vigoroso e humilde, cujo amor a Deus e ao homem lhe permite conquistar espaço para ajudar aqueles em apuros. Pode ser considerado um substituto justo para as cartas de orientaçã o espiritual que ele está proibido de escrever! Ele tem outra maneira de anunciar sua presença; Existem centenas de relatos de seus ilhos espirituais sendo alertados sobre um perfume, ou diferentes perfumes, quando pensavam ou falavam dele. O cheiro varia de um cheiro de tabaco bom a um de lores celestiais, mas sempre é totalmente independente do ambiente e desaparece tã o repentinamente quanto surge. Padre Pio vive em extrema austeridade cercado por um pequeno grupo de monges. Uma de suas tarefas mais pesadas é o manuseio da enorme quantidade de correspondê ncia que chega diariamente ao mosteiro, literalmente centenas de cartas e telegramas, em todas as lı́nguas e de todos os cantos do globo. Esses mesmos monges també m montam guarda para proteger sua pessoa dos ataques dos superzelosos. Eles empurram a multidã o para o lado para abrir caminho para o homem santo em seu caminho de ida e volta para a sacristia. Ele mesmo costuma usar seu grande lenço para afastar o importuno com golpes rá pidos e vigorosos. Embora nã o tenha nenhum interesse pessoal por dinheiro, ele aceitou esmolas para erguer o sonho de sua vida, um grande e bem equipado hospital para cuidar dos pobres e enfermos daquela vasta e desolada regiã o. Grandes e pequenas contribuiçõ es chegaram de amigos do Padre Pio em todos os paı́ses, e “O Lar para o Alı́vio do Sofrimento” deve ser um monumento ao seu amor pela humanidade muito depois de ele ter sido chamado para sua recompensa. Os seguintes trechos sã o de um artigo de Orio Vergani publicado no “Corriere della Sera”. “Trinta e seis anos se passaram desde o aparecimento das cinco feridas que nunca cicatrizaram; Francesco Forgione está entrando dolorosamente no grupo dos grandes que usam os Estigmas. Apenas um, Sã o Francisco de Assis, foi reconhecido pela Igreja, depois que um Papa deu testemunho dele. Houve cerca de sessenta outros, incluindo a recé m-canonizada Santa Gema Galgani. Chamei de penosa entrada, porque, mesmo em um cará ter simples, como o do frade camponê s de Pietrelcina, a dor das feridas é menos atormentadora do que a enxurrada de argumentos e investigaçõ es de seu caso. A Igreja nã o fará um pronunciamento durante sua vida, mas os crentes e descrentes expressam livremente suas opiniõ es con litantes. As investigaçõ es mé dicas e psicoló gicas acontecem uma apó s a outra. O suposto santo é tratado como algué m que sofre de uma doença misteriosa; todo esforço é feito para chamá -lo de histeria, auto-sugestã o ou alguma outra forma de neurose, para produzir alguma explicaçã o natural para aquele jorro de sangue das mã os, pé s e lateral do corpo. A fé ica de lado, esperando por milagres, mas a ciê ncia converge em San Giovanni Rotondo com aná lises quı́micas e exames cirú rgicos. Se este é o caminho para a santidade, é um caminho cansativo e atribulado. Por um lado, a ciê ncia admite que se defronta com o inexplicá vel e, por outro, declara que tudo pode ser explicado. “Em poucos anos, Padre Pio, que nunca sai de seu mosteiro, nunca discute seus problemas, nunca mostra o menor vestı́gio de orgulho, tornou-se um centro tormentoso de polê mica, entre aqueles que declaram acreditar nele agora, e aqueles que dizem que, para acreditar, terã o que esperar sua morte e a prova do milagre. “Uma imensa bibliogra ia, composta por grandes volumes, pan letos, testemunhos, boletins, etc., cresceu em torno do Padre Pio, que é procurado por uma multidã o cada vez maior de pessoas. Eles vê m em massa, para a igreja que é muito pequena para mantê -los naquela vila remota, e tudo o que vê m é para orar. “. . . Entretanto, continua vivo e vigoroso na sua missã o de confessor e sacerdote. Padre Pio ouve Con issõ es por dez e até doze horas quase todos os dias. Seus penitentes vê m de longe e de perto. Fora da igreja, ao longo da estrada que sobe de San Giovanni Rotondo, uma nova cidade está nascendo, das necessidades humanas comuns a qualquer local de peregrinaçã o. . . “Padre Pio vive recluso entre o altar e o confessioná rio há quarenta e dois anos e só olha para ver como anda o grande hospital de seis andares; a igrejinha nã o mudou, apesar da fama de seu guardiã o, nem um quadro nem uma cortina foram movidos, e ainda está e sempre será extremamente pobre. . . “Na igrejinha de San Giovanni Rotondo, um cerco de devotos preocupados pressiona incessantemente contra o mais incansá vel e mais paciente dos frades rú sticos, todos esperando dele o dom da graça. “Os Correios de San Giovanni Rotondo trabalham principalmente para o Padre Pio. A aldeia tem quinze mil habitantes, mas o correio é principalmente para o monge de Pietrelcina. As Con issõ es orais sã o continuadas atravé s da correspondê ncia, as muitas cartas falam de preocupaçõ es, doenças e tristezas; imploram por ajuda dAquele que, pelas feridas que sangra, parece-lhes o melhor intermediá rio com Cristo. . . Tudo isso, devemos lembrar, está acontecendo em um pequeno povoado que parece agarrar-se à orla da Terra, mais destacado do que uma ilha, rodeado por penhascos rochosos e choupanas desoladas; num mundo onde a á gua se mede em gotas, onde ovelhas pastam sob as paredes do mosteiro e onde quem fala parece desmaiado do grande silê ncio. “Aqui está a igreja, sem fachada real, enxertada como está no mosteiro. E um pouco maior que uma capela, com paredes decoradas com desenhos geomé tricos do sé culo 19, como os pintores de paredes costumavam copiar dos manuais dos decoradores. O chã o é de ladrilhos, a nave e a entrada sã o caiadas de branco. O altar onde o Padre Pio celebra a missa de madrugada está exatamente como quando a rezou na manhã do dia 20 de setembro de 1918, momentos antes do aparecimento dos Estigmas, quando o frade foi tomado por aquele breve desmaio. enquanto ele estava ajoelhado no coro. O altar é rú stico, dedicado a Sã o Francisco, com alguns enfeites de gesso despretensiosos. “Toda a igreja, desde a entrada da nave, desde a sacristia até as janelas que dã o para o jardim, está rabiscada a lá pis. Nenhum ex-voto é trazido para San Giovanni Rotondo, mas quem pode impedir as pessoas de escreverem a lá pis para o Padre Pio? Da madrugada até o anoitecer, a igreja está sempre aberta, e invariavelmente lotada com tantos ié is quanto pode conter, que só se afastam durante os breves momentos em que o Padre Pio vai para um breve descanso. Nã o há um dia, nem quase uma hora, em que a igrejinha nesta aldeia de Puglie nã o abrigue trezentos ié is, a maioria de joelhos. Enquanto esperam a con issã o, temendo que a conversa com o Padre Pio atravé s da grade do confessioná rio seja muito breve, muitos pegam um lá pis e con idenciam seus pedidos tardios em poucas palavras rabiscadas na parede. Desta forma, toda a igreja é coberta com pequenas mensagens a lá pis; há um nú mero inde inido de sú plicas, de sú plicas sem im, de declaraçõ es abertas de luto, todas elas assinadas, e muitas dando seus endereços, como se Padre Pio pudesse respondê -las. O povo sabe que Padre Pio nã o pode ler essas notas, mas tem certeza de que ele as vê do mesmo jeito, mesmo que seus olhos nunca pousem na pró pria escrita. . . . A cada poucos meses, os Irmã os descem à igreja à noite com um balde de tinta branca e apagam tudo, mas ningué m duvida por um momento que as oraçõ es do Padre Pio intercederam por cada inscriçã o. “Eu me vi entre os homens no loft do ó rgã o. Dois camponeses estavam de um lado meu e do outro um empresá rio genovê s, que estava aqui com sua mulher, que havia sido curada por um milagre. Ele me disse que ela estava morrendo, agora estava completamente recuperada e acabara de passar sua terceira manhã ajoelhada na igreja. “Nã o pude ir à con issã o nem à comunhã o, mas iquei ali trê s horas, olhando para o Padre Pio, sentado à porta do seu rebanho, no trono simples do seu confessioná rio. Olhei para o frade que queria entrevistar e, ao fazê -lo, senti como se todo o meu jornalismo, toda a minha vida pro issional, todas as perguntas que planejara fazer se desvanecessem ante a extrema simplicidade do que vi, com esses olhos que de fato viram tanto e que ainda nã o se cansavam daquela imagem misteriosamente simples. O que vi foi um frade camponê s sentado, como se sentava todos os dias durante quarenta e dois anos, em seu confessioná rio rú stico, dando um nú mero incalculá vel de entrevistas, muito diferente da que eu havia planejado. Ele se inclinou para ouvir, primeiro de um lado e depois do outro, enquanto as duas ilas lentas de penitentes subiam, para ouvir todos os pecados do mundo ”. “Chamei-o de frade camponê s e, de fato, ele é , ilho de camponeses. Seu rosto e sua igura sã o á speros e me lembram dos velhos pastores que vi quando menino, na Campagna romana e nas trilhas de gado do Murgie; ou aqueles pastores antigos das altas pastagens dos Apeninos Lucanianos e Calá brios. Sua igura é atarracada, ele tem uma barba rija e atarracada e cabelo curto. O seu ascetismo nã o deixou no rosto os seus traços caracterı́sticos, que trazem antes os de uma convicçã o profunda e pacı́ ica. Sentado em sua cadeira alta de madeira, ele se inclinava primeiro de um lado e depois do outro para ouvir, e entã o pegava nas mã os as cartas e cartõ es que lhe eram entregues para tocar. - Toque em todos, padre, sã o apenas doze! Eu ouvi uma pequena mulher dizer a ele. De vez em quando, eu o via levantar uma das mã os como se quisesse aliviá -la de alguma dor oculta, e de vez em quando ele suspirava profundamente, inclinando-se para a direita, como se para aliviar o lado esquerdo, cansado e dolorido a ferida. Seu rosto nunca mudou de expressã o; apenas ocasionalmente se aborrecia quando alguma mulher, tendo terminado sua con issã o, permanecia ajoelhada diante dele, recusando-se a sair. Ele entã o a dispensaria com um aceno de seu grande lenço. Ele tinha ouvido Con issõ es desde o amanhecer, e de vez em quando, ele fazia um gesto de apelo para a multidã o de mulheres que se empurravam contra a grade, implorando para que o deixassem respirar, parassem de olhar para ele, para permitir que ele assoar o nariz em paz! Se se pode usar a expressã o 'gostei', ao se referir aos gestos de quem está sendo proclamado santo por todos que o cercam, direi que gostei de sua franqueza quase grosseira, de sua maneira de ordenar, com um aceno de sua mã o, nas duas linhas de mulheres. Eu gostava de ele ser pastor, assim como pastor. Olhei para suas mã os, cobertas com luvas de lã marrom, aquelas mã os que sangraram lentamente por 36 anos, e percebi o quã o fraca seria minha fé , se me arrependesse muito de nã o poder vê -las descobertas ”. “Quando ele se levantou para sair, era quase meio-dia. O grupo de mulheres estava ajoelhado à sua frente, tentando alcançar sua tú nica, suas mã os e seus pé s. Eu podia ouvir sua voz pedindo quase impaciente para deixá -lo passar. Os dois Irmã os que vieram buscá -lo foram ainda mais abruptos. Até os santos tê m um limite de resistê ncia, e Padre Pio estava abrindo caminho para si mesmo com movimentos vigorosos de seu lenço. Acompanhei-o até a sacristia com a multidã o silenciosa que nã o o deixava por um momento. Me misturei com as dezenas que estavam tentando, de uma forma ou de outra, dar a ele algum objeto ou fazer com que ele falasse com eles. Nesse ı́nterim, ele estava tentando entrar em sua sobrepeliz para distribuir a Sagrada Comunhã o. O Padre Pio tentava se vestir e todos tentavam ajudá -lo, puxando uma manga e depois a outra, fazendo-o perder tempo e, na verdade, submetendo-o a uma leve tortura. Fiquei com vergonha de ter contribuı́do para a invasã o de sua privacidade. 'Você quer arrancar meus braços? Você realmente quer arrancá -los? ' ele continuou perguntando, mas seus olhos nã o estavam zangados, mesmo que sua voz soasse irritada. “No meio da confusã o de demandas clamorosas, disseram-lhe quem eu era, minha pro issã o, e que vim de Milã o para vê -lo. - Você fez essa grande viagem só para me ver? ele disse sorrindo, 'Você veio ver uma coisa boa! Vindo de Milã o també m! Você nã o tem um livro de oraçõ es em casa? Você poderia ter salvado a viagem, Deus o abençoe! Uma Ave Maria é melhor do que qualquer viagem, meu ilho! ” “A multidã o o carregou para longe de mim, levando-o de volta para a igreja, e formando um grupo ao redor dos degraus do altar. As mulheres estavam todas ajoelhadas para receber a comunhã o. O Padre Pio, diante deles, tinha toda a simplicidade dos primeiros cristã os, que eram ao mesmo tempo pastores e sacerdotes ”.