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Revista Eletronica de Ensino e Pesquisa

Ano 1, Edição nº 2, Vol.1 , Nº1 , Setembro – 2019
PRODUÇÃO DE BRIQUETES DE FINOS DE CARVÃO DE
RESÍDUOS DE BIOMASSA PROVENIENTE DA
AGROINDUSTRIA UTILIZANDO COMO LIGANTE UMA
MISTURA DE ESCÓRIAS DE REFINO DE AÇO
Nathália Batista Lopes Matias
Graduada em Química – Bacharelado pela UFF
Mestranda em Engenharia Metalúrgica pela EEIMVR/UFF – VR
Laboratório de Polímeros e Fundição – EEIMVR/UFF – VR
Isabela Santana de Oliveira
Engenheira Mecânica formada pela EEIMVR/UFF-VR
Mestre em Engenharia Metalúrgica pela EEIMVR/UFF – VR
Doutoranda em Engenharia de Materiais pela EEL-USP
Laboratório de Mecânica Aplicada – EEIMVR/UFF – VR
Conceição de Maria Pinheiro Correia
Doutora em Ciências e Engenharia de Materiais pela Universidade de São Paulo Campus São Carlos;
Coordenadora do Curso de Engenharia Civil-IFMA;
Professora do Magistério Superior-IFMA;
André Luís de Brito Baptísta
Técnico Industrial Metalúrgico Especializado
Graduado em Administração de Empresas com Ênfase em Gestão de Ciência e Tecnologia
Pós-Graduado MBA em Gestão de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Mestre em Materiais (Processamento e Reciclagem)
Laboratório de Metalurgia Extrativa (LAMEX) – EEIMVR/UFF - VR
Resumo
A briquetagem consiste na aglomeração de partículas finas através de pressão, com ou sem aglutinantes,
permitindo obtenção de produtos compactados, com forma, tamanho e parâmetros mecânicos adequados. A
recente preocupação ambiental, resultando em leis mais rígidas, além da necessidade de aproveitar
economicamente resíduos e partículas finas geradas no beneficiamento de minérios, na siderurgia e na
agroindústria, fez com que a briquetagem voltasse a ser uma importante alternativa para aglomerar valor
econômico e energético.
No presente trabalho mostra-se os resultados em termos de resistência mecânica de briquetes de finos de
biomassa carbonizados aglomerados com escória de fabricação de aço.
Os mesmos alcançaram um valor de resistência média de 150 MPa, o qual permite serem utilizados como
combustível complementar em alto-fornos a carvão vegetal.
Palavras-Chaves: Briquetagem, Briquete, Matéria-Prima, Aglomeração, Siderurgia
Ano 1, Edição nº 2, Vol.1 , Nº1 , Setembro – 2019
1 – INTRODUÇÃO
Desde a descoberta e uso do fogo o homem faz uso da energia para sua sobrevivência, como se
pode ver na Figura 1.
Figura 1 – Estágios de desenvolvimento e consumo de energia [1]
Com a necessidade crescente de recursos para a produção de energia sustentável, a utilização
de biocombustíveis sólidos torna-se uma alternativa importante uma vez que a biomassa é fonte de
energia limpa e renovável. [2]
Assim, vem ocorrendo uma grande valorização da produção biomassa como fonte de energia,
esta se desenvolve de forma alternativa para minimizar a geração de resíduos e impactos ambientais. [3]
Como o país possui proporções continentais, sendo o quinto maior país do mundo, nele tem
grande destaque o setor florestal e ao setor sucro-alcoleira. [3]
Devido às atividades humanas, a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera tem
aumentado consideravelmente nos últimos anos, agravando o efeito estufa e contribuindo para o
aquecimento global. Essas ações estão ligadas principalmente à queima de combustíveis fósseis. A
siderurgia tem uma importante participação na geração de gases do efeito estufa devido ao alto
consumo de carvão e coque no balanço energético. [4]
Na indústria siderúrgica de hoje busca-se utilizar de matéria prima combustível para altos-fornos
materiais alternativos de baixo custo e ambientalmente corretos, os briquetes de biomassa carbonizada
são materiais que se encainchão dentro deste grupo. [5,6,7]
Os resíduos industriais podem ter basicamente três destinos, o descarte, o reaproveitamento
interno ou o reaproveitamento externo. O descarte puro e simples de resíduos tem sido cada vez mais
desestimulado, principalmente devido às normas cada vez mais rígidas quanto às qualidades de
aterros. Já a reciclagem de resíduos tem sido apontada como a solução mais interessante para os
problemas dos resíduos industriais, pois é o principal componente para a realização de um
desenvolvimento auto-sustentável. [8]
Na busca pelo aproveitamento dos resíduos gerados desde a produção florestal até os
processos de transformação industrial da biomassa, desenvolveu-se o processo de briquetagem. A
aglomeração de partículas de madeira ou de seu carvão facilita as operações de manuseio do material
combustível, além de concentrar a energia disponível em termos de volume. [9]
Ano 1, Edição nº 2, Vol.1 , Nº1 , Setembro – 2019
O termo aglomeração é em geral empregado para designar algumas operações aplicadas a
materiais de granulometria fina, para transformá-los em corpos maiores, ou fragmentos coesos, por
meio da ligação rígida e consolidação de suas partículas, entre si, por meio de mecanismos físicos e/ou
químicos, conferindo-lhes tamanho, forma e propriedades particulares adequadas ao uso. [7,10]
A briquetagem é um dos processos mais antigos de aglomeração e caracteriza-se pela aplicação
de pressões externas com consequente redução de volume do material fino, obtendo um produto
(briquete) com forma, dimensões e características variáveis e totalmente controladas, conforme a sua
aplicação. É influenciado por fatores como: granulometria do material, umidade, tipo e quantidade de
ligante e variáveis de compactação (esforço, tempo,etc). O produto resultante deste processo é o
briquete, que é uma matéria prima sintética, um mineral industrial, um compósito [7,11]
2 - ABORDAGEM TEÓRICA : REVISÃO DA LITERATURA
A indústria siderúrgica é importante fornecedora de insumos para produtos de diversas indústrias
e para a construção civil.
A dinâmica da siderurgia mundial, como de diversos outros setores industriais, tem sido
diretamente afetada por fatores econômicos e socioambientais, que representam enormes desafios em
médio e longo prazos para o setor, entre os quais, estão: [12,13]
• enorme expansão da capacidade produtiva de produtos siderúrgicos, com aumento da concorrência e
da pressão sobre o preço de insumos na última década;
• intensificação da pressão exercida para a redução de impactos ambientais, em um contexto de maior
exigência por qualidade de vida; e
• elevação e incerteza sobre preços de energia em âmbito mundial.
A maior competição enfrentada impõe às indústrias do setor o desafio de reduzir custos e elevar
a competitividade, ao mesmo tempo contemplando soluções capazes de promover a redução do
consumo energético e do volume de emissões. [12,13]
A Figura 2 mostra o uso das fontes de energia.
Figura 2 - Evolução das fontes de energia [14]
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A indústria siderúrgica é grande consumidora de energia e de materiais e, como tal, também
responsável por considerável volume de efluentes, dada a grande quantidade de reações físicoquímicas envolvidas nas diversas etapas do processo de fabricação do aço. Assim, para a
transformação do minério de ferro em produto laminado de aço, passando pelas etapas de
coqueificação, sinterização, redução e refino, são produzidos grandes volumes de emissões gasosas,
efluentes líquidos e resíduos sólidos. A partir da década de 1980, por pressão da sociedade e da
legislação pertinente, a indústria tem-se tornado mais eficiente e sustentável, por meio da recicla-gem
de produtos e subprodutos, que promoveram a redução do consumo específico de energia. [13].
A Figura 3 mostra uma previsão do consumo de energia, a Figura 4 mostra o consumo por
industria. Na Figura 5 pode se ver o comportamento do consumo de combustível.
Figura 3 – Consumo mundial de energia até 2060 (Cenário: Crescimento Sustentado)
Figura 4 - Consumo de energia por seguimento industrial [14]
[1,5,6]
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Figura 5 - Evolução do consumo de combustível [14]
Nos últimos anos, as empresas siderúrgicas brasileiras, seguindo o movimento mundial,
desenvolveram ações para reduzir o consumo energético em suas operações, com destaque para: [13]
(i)
cogeração de energia elétrica através do reaproveitamento dos gases do processo;
(ii)
substituição de insumos/combustíveis;
(iii)
otimização do controle dos processos via automação; e
(iv)
programas de treinamento/sensibilização de fornecedores.
Na siderurgia, o consumo de energia se dá, basicamente, na forma de energia térmica e de
energia elétrica. A energia térmica envolve quase todos os processos, sendo mais intensamente
utilizada em unidades integradas, que englobam os processos de sinterização, coqueificação e redução.
As etapas de coqueificação e redução, embora intensivas em energia, são as que apresentam maior
potencial absoluto de economia e recuperação, considerando tanto a energia contida no coque quanto
nos gases e calor dos processos. [13]
O uso de energia elétrica é mais intenso na laminação a quente e na etapa de refino, tanto nos
fornos elétricos como nos conversores a oxigênio. [13]
Cabe destacar que a energia elétrica, basicamente, é usada na siderurgia como força
eletromotriz, salvo no caso dos fornos elétricos, que empregam a energia elétrica para a fusão de carga
metálica e refino do aço. [13]
A Tabela 1 apresenta os principais insumos energéticos e efluentes gerados nas principais
etapas/processos siderúrgicos: [13]
Os resíduos sólidos siderúrgicos podem ser classificados em três cate-gorias básicas: (i)
recicláveis que contêm ferro – entre os quais, citam-se as poeiras e lamas de alto-forno, de aciaria e de
sinterização; as lamas das unidades de tratamento; água de recirculação da laminação; e as carepas;
(ii) resíduos carboquímicos, provenientes, basicamente, das etapas de pro-dução de coque; e (iii) as
escórias – geradas, principalmente, na produção de ferro-gusa no alto-forno e nas aciarias a oxigênio e
elétricas. [13]
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Tabela 1 - Principais insumos energéticos e efluentes da siderurgia
[13]
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Na Tabela 2 pode se ver o consumo de energia na siderurgia.
Tabela 2 - Panorama do consumo energético na siderurgia (ferro e aço) por etapa [14]
O custo do ferro-gusa representa o maior custo de produção do aço e, portanto, influencia
diretamente a posição relativa da indústria quanto aos custos de produção de aço. [13].
Nesse caso, o Brasil entra em desvantagem, apresentando o maior custo de produção de coque,
entre os dez maiores produtores, por causa do custo de importação do carvão metalúrgico, quesito em
que o país é totalmente dependente. [13]
A indústria de base florestal, como um todo, tem por característica, a grande geração de
resíduos ao longo do processo de produção. O setor madeireiro apresenta um grande potencial para o
aproveitamento de resíduos, já que as perdas são inerentes ao processo produtivo, representando 40%
a 70% do volume de matéria-prima sem uma utilização determinada. Estes resíduos particulados são
obtidos durante a colheita e beneficiamento da madeira e, por muito tempo, não tiveram destinação
adequada. [9]
Recentemente, passou-se a utilizá-los como combustível, entretanto, o uso do material
particulado apresenta desvantagens, como a exigência de adequação das caldeiras para uso de finos e
dificuldades de transporte. [9]
A necessidade de recuperar finos de carvão oriundos do processo de beneficiamento de
minérios fez com que surgisse a técnica de aglomeração denominada briquetagem. Em 1848, Easby
desenvolveu um processo que possibilitava a formação de aglomerados sólidos de tamanho e forma
variados, a partir de frações finas de qualquer tipo de carvão, por meio da pressão exercida sobre esse
material. [9,14]
A briquetagem é um processo de reconstrução, ou seja, é a reconsolidação de material
particulado por meio da aplicação de temperatura e pressão a uma massa de partículas, com ou sem
adição de ligantes. [9]
O uso de briquetes em caldeiras industriais e fornos siderúrgicos elimina a necessidade de
adequação dos equipamentos, permitindo também uma queima mais uniforme e melhoria das
condições de transporte, manuseio, armazenamento e alimentação dos mesmos. Outra vantagemdo
uso de briquetes é a concentração da energia disponível, ou seja, há maior geração de energia por
unidade de massa do material, fato que também contribuipara a economia no transporte, pois um
mesmo volumede briquetes pode ter cinco vezes mais energia que a madeira in natura. [9]
As características que qualificam um briquete são: poder calorífico superior (PCS); densidade; e
resistência à compressão. Estas características são influenciadas por variáveis relacionadas ao
processo de produção. O poder calorífico superior indica o potencial de produção de energia por
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unidade de massa; a densidade, expressa a quantidade de material por unidade de volume, portanto,
quanto maior, mais concentrada está a energia e, assim, tem-se um briquete com maior potencial
energético emum mesmo volume; a resistência máxima à compressão é um parâmetro para a definição
da resistência do briquete durante o transporte e o armazenamento. [9]
O Alto-Forno exige da carga, principalmente, isenção de finos, faixa granulométrica estreita e
suficiente resistência mecânica para assegurar boa permeabilidade à coluna de carga. Dos
componentes metálicos espera-se uma boa reductibilidade e levado teor de Fe, para obter-se um baixo
consumo de coque. Sendo assim, o beneficiamento de aglomeração visa: [16]
(a) Melhorar a permeabilidade da carga do Alto-Forno;
(b) Reduzir o consumo de carvão, reduzindo a quantidade de finos carregados pelo gás
(c) Acelerar o processo de redução, garantindo o contato gás-sólido uniforme.
No que tange a resistência mecânica, para uso em siderurgia qualquer tipo de briquete deve
alcançar valores na faixa de 150 á 160 MPa. [1,7,17,18,19] . O Institute for Briquetting & Agglomeration (U.S.
Bureau of Mines) determina que para uso em metalurgia e fundição os briquetes devem ter como
resistência 130 á 150 MPa. [1]
Fontes alternativas de energia a partir de recursos renováveis como álcool, lenha e cavaco têm
sido estudados com o objetivo de diminuir os impactos ambientais causados pelos combustíveis fósseis
e atender a demanda de energia calorífica pelas indústrias. [19]
O uso de biomassa como combustível e para produção de energia em caldeiras e fornos éuma
realidade. Bagaço da cana, casca de arroz ede coco babaçu, cascalho e restos de madeira são
exemplos de combustíveis que têm sido usados na produção de vapor nas caldeiras das empresas, em
substituição aos combustíveis de origem fóssil, como óleo e gás natural. [19]
Os briquetes obtidos de biomassas, como madeiras, bagaço da cana e capim são produzidos através
de secagem, trituração e prensagem da matéria - prima com auxílio ou não de um aglutinante, tem sido
uma oportunidade impar para a solução de problemas com combustível e ambiental. [19]
A queima direta de briquete de capim em caldeira, devido à baixa umidade, faz com que a
temperatura se eleve mais rapidamente do que a queima direta da madeira, ou de outros
materiaisagrícolas mal prensados, com maior aproveitamento energético do material. [19]
A combustão de briquetes, se bem regulada, produz apenas CO2 (dióxido de carbono) e água
em forma de vapor. Nesse caso o CO2 liberado, não contribui para o aumento do efeito estufa no
planeta, pois ele é o mesmo quefoi armazenado pela planta na fotossíntese, ou seja, emissão zero.[19]
3 - MATERIAIS E MÉTODOS
Para atender os objetivos propostos, a produção do produto sugerido seguiu-se as seguintes
etapas mostradas no fluxograma da Figura 6:
Figura 6 - Etapas para confecção do produto (aglomerado a frio tipo briquete)
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O material foi aglomerado com uma mistura de 5% de escória de aciaria a oxigênio (LD), 5% de
escória de aciaria elétrica, 5% de escória de forno panela e 5% de cal comercial com uso de 12% de
água, as composições das escórias e os valores das biomassas estão nas Tabelas 3, 4, 5, e 6.
Tabela 3 - Composição da escória de Aciaria LD
Tabela 4 - Composição de Escória de Forno Elétrico
Tabela 5 - Composição de Escória de Forno Panela
Tabela 6 – Composição da Biomassa (Carvão)
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As misturas para a confecção dos briquetes cilíndricos, foram executadas em misturador de pás
de bancada, tipo Core Sand Mixer Type PKM da George Fischer Limited (Figura 7), com tempo fixo de
10 minutos. Os materiais eram misturados a seco primeiramente em seguida adicionava-se a água em
partes, deixando a mistura homogeneizar-se antes.
Figura 7 – Misturador de bancada
O conjunto (ou molde) briquetador, esta detalhado na Figura 8 e mostrado na Figura 9. A
briquetagem foi feita a frio em prensa tipo macaco hidráulico de acionamento manual, (Figura 10), com
força de 10 ton e tempo de prensa fixo em 3 minutos. O briquete produzido (Figura 11) possui uma
dimensão de 30 mm de diâmetro e 30 mm de altura. Os briquetes foram secos ao ar natural.
Figura 8 – Desenho do molde de briquetagem
Figura 10 - Sistema de briquetagem
Figura 9 – Molde de briquetagem
Figura 11 - Briquetes produzidos (o produto)
(prensa + molde)
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Os ensaios foram conduzidos de acordo com ABNT 12654 e ISO 17025. A seleção de materiais
e amostragem foi de acordo com a ABNT 10007. Os corpos de prova, para a caracterização mecânica,
foram confeccionados de acordo com a norma ABNT 7680, 5738 e 13729. O ensaio de compressão
diametral foi executado de acordo com a norma ASTM C496 e ABNT 7222, em máquina de compressão
modelo Emic PC – 150C. Avaliou-se a resistência mecânica através do ensaio de compressão diametral
dos briquetes. Foram executados 30 ensaios para cada mistura briquetada.
4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados da resistência média dos briquetes de carvão de biomassa estão apresentados no
gráfico da Figura 12. A Tabela 7 mostra os valores da literatura, para se fazer uma comparação.[7]
Figura 12 – Resultado do Ensaio de Compressão dos Briquetes de Biomassa
O valor médio de resistência alcançado nos briquetes do presente estudo, como detalhado em
trabalhos anteriores [1,7], pode ser fruto: (i) da compactação mecânica (prensagem); (ii) do fenômeno
denominado poder de aglomeração a frio (p. a. f.); (iii) do fenômeno denominado sensibilidade a
compactação; (vi) do efeito cimentício da escória; (v) do fenômeno efeito Filler; (vi) da distribuição
granulométrica natural das matérias primas que eleva a compactabilidade; (vii) do teor ótimo de água
de adição; (viii) da relação água/cal, (ix) da interação sinergística entre os materiais da mistura (regra
das misturas clássica) e (x) da adição de materiais pozolânicos finamente moídos.
Em pesquisas de Mäkela [20,21], esse pesquisador ponderou que a utilização de escórias
sintéticas é uma alternativa para servir como ligante no briquete. Essas escórias são à base,
principalmente, de Al2O3, SiO2 e CaO. Assim, há influência dessa composição na correção da
basicidade e, também, no auxílio da reação de dessulfuração no alto-forno.
E, a utilização de ligantes hidráulicos, como o CaO e MgO, é uma opção na fabricação de
briquetes. Oliveira [22] cita que ligantes hidráulicos são, em sua maioria, óxidos capazes de se rehidratar
e controlam propriedades reológicas dos materiais em que eles estão inseridos. O aumento de
temperatura é característico das reações de hidratação desses ligantes.
O desempenho mecânico da mistura proposta primeiramente é atribuído ao comportamento de
material cimentante da escoria conforme ABNT 5735 [7,20,21,22]. Permitindo com isso a substituíção da
bentonita, que eleva bastante o custo dos produtos finais, como pode ser visto na Tabela 8.
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Tabela 7 - Valores de Resistência em MPa das Matérias Primas Extraídos da Literatura
Tabela 8 - Contribuição do aglomerante no custo final do produto
[7]
[7]
As escórias de uma maneira geral são constituídas por óxidos, como sílica (SiO2), óxido de
cálcio (CaO), óxido de alumínio (Al2O3), óxido de manganês (MgO) e óxido de ferro (FeO), além de
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silicatos como FeO.SiO2, MnO.SiO2 e CaO.SiO2. Quimicamente, a escória é uma mistura de cal (CaO),
sílica (SiO2) e alumina (Al2O3), ou seja, os mesmos óxidos que constituem o cimento Portland, mas não
nas mesmas proporções, o que pode ser visto na Tabela 9 [1,7,20,21,22].
Tabela 9 - Composição química típica das escórias de alto-forno, aciaria e do cimento [7]
Na Tabela 10 a seguir pode se ver as principais características da escória de aciaria em
comparação com o clínquer e cimento Portland e a escória de alto forno.
Tabela 10 - Comparação das características do clínquer Portland a do Cimento Portland em relação à
escória de alto-forno e de aciaria [7]
Conforme os dados apresentados nas Tabelas 9 e 10 a mistura de escória após hidratação e
com a ativação pela cal passa a ter um comportamento de material cimentitico, um ligante de pega
hidráulica que após a secagem confere resistência mecânica ao aglomerado.
O uso da cal junto de escórias de aciaria é determinante para a sua ação como ligante,o que já
foi confirmado em outros trabalhos [7,20,21,22] mesmo efeito provocado nos cimentos, e os materiais
carbonizados como carvão vegetal, coque e biomassas normalmente empregam cal como aglomerante
[1,7]
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6 – CONCLUSÕES
No processo de briquetagem deve-se utilizar-se o aglomerante que melhor atende as condições
de fabricação, propriedades mecânicas e custos baixo.
Os briquetes apresentaram resistência suficiente para serem utilizados em altos-fornos.
As escórias de produção de aço podem ser utilizadas como aglomerantes de pega úmida,
conferindo a resistência mecânica desejada em briquetes siderúrgicos.
A mistura de escória de produção de aço pode ser utilizada como material ligante de secagem
natural, eliminando o processo de estufagem.
O uso de biomassa permite economizar na utilização do termorredutor granulado natural tipo
carvão vegetal.
Aglomerando-se os resíduos diminui-se os passivos ambientais.
A matéria-prima tem maior influência sobre a qualidade dos briquetes do que as variáveis do
processo.
Desta forma, a utilização de briquetes de biomassa carbonizada em altos-fornos, apresenta-se
como uma oportunidade para empresas que pretendem aumentar as vantagens competitivas, como
reduzir custos e contribuir para evitar danos ao meio ambiente.
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Mestrado em Materiais. Área de concentração de processamento e reciclagem de materiais, linha de pesquisa em materiais compósitos.
Fundaçao Oswaldo Aranha ; Centro Universitário de Volta Redonda – UNIFOA ; Pro-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação ; Programa de
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[17] LOPES, P. M. et al. – Determinação das Propriedades Físico-Químicas do Minério de Ferro para o Estudo de Sua Reutilização em
Processos Siderúrgicos. Contribuição Técnica Apresentada ao XXXVI Seminário de Redução de Minério de Ferro e Matérias-Primas e VII
Simpósio Brasileiro de Minério de Ferro da ABM, 12 a 15 de Setembro de 2006, Ouro Preto, MG – Vol. 2 - págs.: 634 à 641.
[18]
[19] MARQUES, H. M. e ASSIS, P. S. – Caracterização do Pó Coletor e Alguns Experimentos Para a Sua Utilização. Contribuição Técnica
Apresentada ao XXXVI Seminário de Redução de Minério de Ferro e Matérias-Primas e VII Simpósio Brasileiro de Minério de Ferro da ABM, 12
a 15 de Setembro de 2006, Ouro Preto, MG – Vol. 1 - págs.: 83 à 90.
[19]
[21] ROCHA, E. P. A. et al. - Estudo da Viabilidade da Utilização de Briquete de Capim Como Fonte Alternativa de Energia para Queima
em Alto-Forno. Contribuição Ténica Apresentada ao VIII Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica - 27 a 30 de julho
de 2009 - Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
[20]
[26] MÄKELÄ, M., PAANANEN, T., KOKKONEN, T., MAKKONEN, H., HEINO, J., DAHL, O. Preliminary Evaluation of Fly Ash and Lime for
Use as Supplementary Cementing Materials in Cold-Agglomerated Blast Furnace Briquetting. ISIJ International, v.51, n.5, p.776-781,
2011
[21]
[27] MÄKELÄ, M., PAANANEN, T., HEINO, J., KOKKONEN, T., HUTTUNEN, S. Influence of Fly Ash and Ground Granulated Blast Furnace
Slag on the Mechanical Properties and Reduction Behavior of Cold-Agglomerated Blast Furnace Briquettes. ISIJ International, v.52, n.6,
p.1101-1108, 2012.
[22]
[28] OLIVEIRA, I. R., PANDOLFELLI, V. C. Hidratação de Ligantes na Presença de Matriz e Aditivos. Cerâmica, v.53, p.240-248, 2007
Referencias da Tabela 7, citadas em [7]
(1) MAXIMIANO, M. - Estudo da influência da alumina no índice de degradação sob redução do sínter de minério de ferro. Trabalho de Conclusão
de Curso. Centro Universitário da Zona Oeste - UEZO. Rio de Janeiro/ 2011
(2) ROSENQVIST, T. In: Principles of Extractive Metallurgy. 2ºEdition. McGraw-Hill Book Company, 1986
(3) KOTENEV, V. I.; BARSOUKOVA, E. J.; KOUROUNOV, I. F. - Carbon and iron containing briquettes: a new composite charge material for metal
works and a highly profitable way of wastes recycling, 2013
(4) SINGH, V. ; GOKARN, P. ; KUMAR, A. ; NANDA, B. D. ; BHATTCHARJEE, A. – Agglomeration of Ferromanganese Alloy Fines to Use in LD Steel
Making Process. 50th National Metallurgists’Day , ATM of the Indian Institute of Metals.
(5) SOUSA, C. S. - Análise exergética do processo de produção de ferro gusa em altos-fornos: identificação de oportunidades em redução de
emissões de gases de efeito estufa. Dissertação de Mestrado Profissional. Faculdade de Aracruz . Mestrado profissional em tecnologia ambiental .
Aracruz /2010
(6) D’ABREU, J. C. ; FILHO, R. N. R. – Contribuição ao estudo da aglomeração de finos utilizando cimento ari, cimento AL - 61 e cal hidratada.
Revista Tecnologia em Materiais, São Paulo, v. 1, n. 2, p.5 – 9, out. – Dez. 2004.
Ano 1, Edição nº 2, Vol.1 , Nº1 , Setembro – 2019
(7) TANAKA, M. T. - Estudo experimental de briquetes autor-redutores e auto-aglomerantes de minério de ferro e carvão fóssil. Dissertação
(Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais. São Paulo, 2014